é a única estação de género feminino, precedida pelo deprimido inverno e à qual sucede o verão moreno e depilado. poderá ter-lhe sido concedido o género pelo seu perfume fresco e sensual. mas, é no seu temperamento inconstante que mais se assemelha à tendência feminina. entre as noites suaves e doces e o frio lancinante. entre as tardes soalheiras e as águas tardias e implacáveis. é o fim do tédio e o nascimento do desejo e do prazer; dos dedos cravados na pele e dos corpos quentes entrelaçados na madrugada.
Posts Tagged ‘estações’
ela
Posted in Uncategorized, tagged amor e sexo, estações on Março 26, 2012| 2 Comments »
as flores do mal
Posted in Uncategorized, tagged estações, meteo on Março 7, 2012| Leave a Comment »
Por detrás dos muros do Palácio, há uma rua com jacarandás. Os jacarandás anunciam, agora, a chegada da Primavera tal como sempre a conhecemos. O sol aquece o dia, ainda alto, e o calor que se faz sentir é rápido. Ainda assim, hoje senti o primeiro cheiro da Primavera. Regressou alguma passarada e estão, também, de volta as roupas ligeiras. Ao meu lado, ele lamentava as perdas irreparáveis no seu olival e na vinha – consequências da falta de chuva. Também os carros ficarão imundos por causa dos jacarandás e os danos serão irreparáveis se sobre eles não cair um peso de água. Sim, é verdade: aí está a Primavera. Mas, isso não é necessariamente bom.
a neve sobre monument valley
Posted in Uncategorized, tagged estações on Dezembro 25, 2010| Leave a Comment »
a dança
Posted in Uncategorized, tagged da estética, estações, música, on/off on Dezembro 22, 2010| Leave a Comment »
Era a noite mais longa de todas as noites e a rua brilhava com a chuva. Ouviam-se botas a bater na calçada e as pernas mexiam-se num compasso rigoroso. Por toda a cidade um movimento harmoniozo que aceita o inverno e devolve a humildade da dança. Dura como pedra, a canção entoava, então, como se todos a estivessem a ouvir.
golpe baixo
Posted in Uncategorized, tagged amor e sexo, estações, música on Dezembro 16, 2010| Leave a Comment »
dead combro
Posted in Uncategorized, tagged estações, homem na cidade, meteo on Dezembro 15, 2010| Leave a Comment »
Não me apercebi do tamanho do frio até ela passar por mim com a face rosada e a pele branca quase a desaparecer por entre o cachecol verde e a boina castanha. Era um frio muito grande. Enfiei as mãos nos bolsos do casaco enquanto voltava a olhar e sorri, porque convém sempre sorrir com as dádivas da invernia. Desci e, de repente, um nevoeiro cerrava toda a colina da frente como se fosse ali decretada a morte da calçada, o fim derradeiro da vertiginosa rua que outrora se estendera até S.Bento. Nunca antes assistira a tal coisa – uma Lisboa londrina para sempre.
tempo e espaço
Posted in Uncategorized, tagged bíblia, estações, música on Setembro 30, 2010| Leave a Comment »
galego do sul
Posted in Uncategorized, tagged estações, tempo on Setembro 30, 2010| Leave a Comment »
Esta cidade tem demasiado sol. Por isso, quando nasce Outubro, gostava de ter nascido lá onde as serras se erguem em tonalidades outonais, as mulheres têm os olhos verdes e o peito quente, e onde as tardes são como cobertores. Home is where the heart is, dizem. E no Outono eu gosto do Minho.
canções de setembro
Posted in Uncategorized, tagged estações, música on Setembro 21, 2010| Leave a Comment »
canção de setembro
Posted in Uncategorized, tagged bíblia, estações, música, meteo, tempo on Setembro 1, 2010| 1 Comment »
Sento-me na varanda a aguardar o Outono. Os dias a diminuir, a brisa a gelar a pele, as vozes a desaparecerem no bairro, as janelas fechadas e nem um som das televisões. Setembro é como um crepúsculo que se perpetua, um eterno final ou um velho cobertor que aconchega o sossego e devolve a civilidade ao corpo.
heat
Posted in Uncategorized, tagged estações, música on Junho 21, 2010| Leave a Comment »
um cupido de ocasião
Posted in Uncategorized, tagged amor e sexo, estações, música on Junho 16, 2010| 1 Comment »
A tarde aquece na vereda. Do lado direito um casal discute, não se percebe bem o quê, em câmara lenta. Volto a olhar diabolicamente. Uma árvore corta o caminho. A vereda aquece e com ela a tarde e a discussão. Sejam amigos. Assim não. Se o Verão traz os cheiros mais propícios a todo o amor, também traz as zangas nas veredas a meio da tarde, o clima de insegurança e desencontro. Sejam amigos. As veredas não foram feitas para isso.
no caminho de casa
Posted in Uncategorized, tagged estações, física, poesia on Abril 28, 2010| Leave a Comment »
Quando eu era pequeno, e pequeno nos termos do adorável a vários títulos, havia um globo lá por casa que brilhava com uma luz que orientava o olhar a norte e colocava a Terra numa posição quase absoluta. Pensar a Terra como um globo era um exercício e não uma percepção – um dogma civilizacional ou até work in progress. Nada que fizesse alguém, em tão tenra idade, questionar essa verdade insofismável. Era pequeno, apenas pequeno. Os anos trouxeram o resto do Universo, tal como o quotidiano e a poesia; a ciência e o empirismo; a guerra e a paz. Hoje, ao caminhar em bossa nova pelo passeio fatalista da minha rua, vi a Terra ovalar o quarteirão da escola e figurar-se redonda num globo de mar em que as nuvens assumiam a espuma, e a lua, quase longe, fazia o papel da pequena luz marcando uma presença consoladora. Já junto do tosco canteiro suburbano, as flores emanaram um perfume singelo e fresco em guerra breve contra o meu olfacto enfumarado e, à falta de descrição imediata, fiz-me um pequeno Galileu em frente da imensidão.
as flores do mal
Posted in Uncategorized, tagged estações on Março 19, 2010| 1 Comment »
o maior problema deste início de primavera é o total estado de inebriação a que somos sujeitos. são os cheiros que o vento traz ou que os corpos mantém, é a claridade e a cor da pele. a primavera é matreira como o lobo. disfarça-se com flores para nos matar com os espinhos da lamechice. há que resistir e tentar ver as coisas com clareza.
ruptura
Posted in Uncategorized, tagged estações on Março 18, 2010| Leave a Comment »
aproxima-se a primavera em avalon. a cidade abre-se agora na diversidade e clarifica-se no seu liberalismo endógeno. casa por casa. homem por homem. o rio corre devagar e as margens brilham ainda que timidamente. o tempo estende-se nas cordas de roupa das vielas e passam outras mulheres com o sorriso que nasce como amendoeiras em flor. é a explosão das ruas, o cheiro do corpo, o elogio das tardes longas. e assim, devagar e baixinho, podemos dizer com assertividade: you can never hold back spring…
jano e o deserto
Posted in Uncategorized, tagged estações, meteo, tempo on Janeiro 27, 2010| 2 Comments »
janeiro sempre foi um mês deserto. e tal como o deserto, janeiro é profícuo em criar ansiedade. longo, lento, seco e com um horizonte que parece não se alterar com o nascer dos dias. o mês que se plantou na minha janela trouxe de novo o melro preto, mas poucas mais novidades. só silêncio e inquietação. só agora compreendo o carnaval.
da janela do quarto
Posted in Uncategorized, tagged bíblia, chuva, estações, música on Dezembro 21, 2009| Leave a Comment »
These are the seasons of emotion and like the winds they rise and fall
This is the wonder of devotion – I seek the torch we all must hold.
This is the mystery of the quotient – Upon us all a little rain must fall…It’s just a little rain…
pequeno lamento optimista
Posted in Uncategorized, tagged estações, sonhos on Dezembro 11, 2009| 1 Comment »
toca a campainha do forno e levo o prato para a mesa onde o pouso com o vagar de mais uma sexta-feira a jantar sozinho. os olhos perdem-se pela mesa e resignados encontram a garrafa, o copo, a sombra do candeeiro e uma nódoa na toalha gasta e cansada de tantas sextas-feiras vazias. no gira-discos roda o song book de gershwin na voz veludosa de fitzgerald. é então que me sinto empurrado e precipito-me pela escada até à rua onde os carros parecem celebrar, os casais deslizam inundados de todo o amor, as crianças brincam sob o brilho directo das estrelas, a lua nasce a correr e uma secção de metais sai detrás de um camião. a bateria tropical ritma um grupo de bailarinos de rua e até francis scott parece sorrir largando o bourbon. um imenso calor de dezembro e meia dúzia de gotas de água pálida descem pelo meu corpo que agora se expande alegremente pelo passeio na tranquilidade de uma caminhada voyeurista. a voz de fitzgerald – é ela que me acorda, então, a meio do banho. limpo as gotas e o calor vai-se desfazendo até enfiar a camisola. saio para jantar acompanhado e talvez tudo possa acontecer.
linger it longer
Posted in Uncategorized, tagged estações, música, meteo on Novembro 27, 2009| Leave a Comment »
acordar em vila do conde
Posted in Uncategorized, tagged acordar em..., estações, passeios on Novembro 8, 2009| 1 Comment »
as antigas terras da maia partiam da ponte da pedra até à póvoa do varzim. eram longos terrenos agrícolas que nada deviam aos feudos. os agricultores mais velhos eram homens pujantes e resistentes ao tempo que passa. mas, chegados ao mar, a realidade era outra. homens com o cabelo branco, gastos e cansados cujos olhos eram uma mistura de amargura e ternura. terra de gente simples mas com uma personalidade forte e bastante desconfiada. berço de poesia revoltosa e literatura serena. exílio burguês. vila do conde, hoje dominada pelos negócios duvidosos e por fortunas da mesma natureza, é, como todas as cidades à beira mar, uma marginal de esperança e de morte.