Sentado para almoçar fora de horas, olho em volta as outras mesas e nelas pousados tranquilamente estão os corpos de pessoas que não se importam. Usam bonés foleiros, falam sem contenção, comem com as mãos, riem alarve e harmoniosamente consigo mesmas.
Gostava de ter nascido na margem sul e ter aprendido a viver sem o complexo grave da civilização, sem o compromisso com a inutilidade da etiqueta e sem a necessidade da aparência. Há pouca naturalidade na civilidade.
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»…não se importam.«
Isso julgas tu.
Estás sempre a tempo de enfiar um boné na tola.
»Gostava de ter nascido na margem sul e ter aprendido a viver sem o complexo grave da civilização…«
És um grande mentiroso.
E acrescento, um grande cagão.
Não sou nada. Por isso mesmo é que reconheço isso. Se nem sequer observasse com satisfação então seria um cagão.
»Sentado para almoçar fora de horas…«
Só os cagões se peocupam em afirmar que almoçam fora de horas.
»…olho em volta as outras mesas«
Em busca de presas.
»…estão os corpos de pessoas que não se importam.«
Sim, por que tu importas-te.
»Usam bonés foleiros…«
1ª cagança.
»…falam sem contenção…«
2ª cagança.
»…comem com as mãos…«
3ª cagança.
»… riem alarve e harmoniosamente consigo mesmas.«
4ª e 5ª cagança (segundo o menino,são alarves por dentro e por fora).
Eu sou cagão, não sou é mentiroso.
Noutra vertente, mentiria se dissese que estava muito feliz pelo facto do Coentrão vir a ser a única surpresa positiva da selecção.
É mais forte do que eu. Uma vez cagão Sportinguista, sempre cagão Sportinguista.
E quando digo que as sonatas para violino e piano de Beethoven soam maravilhosamente a esta hora, não estou a ser cagão. É um facto.